quarta-feira, 13 de julho de 2011

Castanheiro-da-Índia - Um pouco da sua história

Castanheiro-da-Índia, Melgaço (Abril 2007)

 
Muito cultivado como planta ornamental, o Castanheiro-da-Índia embeleza as nossas cidades e vilas, onde o podemos observar em jardins, parques ou muito simplesmente ladeando ruas e avenidas.


Um pouco da sua história
Pertencente à família das Hippocastanaceae, o Castanheiro-da-Índia, Castanheiro-de-cavalo ou Falso-Castanheiro como também é referido, tem como nome botânico Aesculus hippocastanum L. (= Aesculus castanea Gilib. = Aesculus procera Salisb. = Castanea equinaHippocastanum vulgares Gaertner).
Nativo não da Índia mas dos bosques das montanhas do Sudeste da Europa (Balcãs e Cáucaso) e Ásia Menor, o Castanheiro-da-Índia foi importado de Constantinopla e introduzido em França no século XVII. Ao longo do século XVIII difundiu-se como planta ornamental por toda a Europa, onde alguns exemplares contam já com 250 anos de vida. Actualmente, encontra-se cultivado nas regiões temperadas de todo o mundo.
Trata-se de uma árvore de grande porte, que pode atingir os 25 m de altura e os 2000 anos de idade. As inflorescências apresentam flores brancas ou rosadas, muitas vezes salpicadas de amarelo, vermelho ou castanho, e, por serem muito odoríferas, são muito procuradas pelas abelhas.

O seu nome vernáculo, Castanheiro-de-cavalo (hippocastanum), deriva do facto de os turcos utilizarem as suas castanhas para tratar os cavalos com problemas respiratórios, o que, segundo os ervanários europeus, era muito útil.
As Castanhas-da-Índia podem ainda ser utilizadas para vários outros fins. Delas se extrai um óleo para iluminação, produz-se cola, sabão, ou um repelente para traças e outros insectos. Também se usam para afastar as minhocas dos vasos de flores. Não sendo comestíveis devido ao seu intenso sabor amargo (tóxico), são ricas em amido e apreciadas por cabras, porcos e alguns peixes.
A sua madeira é muito utilizada em marcenaria.

Pormenor das flores de Castanheiro-da-Índia, em forma de cone (panículas)
Est. de Sta. Luzia, Viana do Castelo (Abril 2007)

O Castanheiro-da-Índia foi registado documentalmente como planta medicinal em 1565, por Pier Andrea Mattioli, médico e botânico italiano do século XVI, na tradução da obra De Materia Medica de Dioscórides.
No início do século XVIII as suas sementes eram já utilizadas com fins terapêuticos em França. Após a investigação sistemática das suas propriedades curativas, foram publicados diversos trabalhos franceses entre 1896 e 1909, que relatam os bons resultados obtidos no tratamento das hemorróidas. As cascas também eram muito usadas como adstringente para o mesmo fim. E, para uso tópico no reumatismo, era extraído um óleo das sementes.
As folhas eram utilizadas para combater a tosse.

sábado, 9 de julho de 2011

Castanheiro-da-Índia, sementes

Os frutos de Castanheiro-da-Índia são verdes e espinhosos,
e contêm no máximo 3 sementes
Est. de Sta. Luzia, Viana do Castelo (Maio 2007)


Parte utilizada
Sementes. Actualmente utilizam-se sobretudo as sementes (Castanha-da-Índia), por possuírem teores mais elevados de saponósidos. Também têm sido utilizadas as cascas dos ramos novos, as folhas e as flores, embora a sua eficácia não esteja devidamente comprovada.

Composição
Em fitoterapia, os efeitos terapêuticos de uma planta resultam da sinergia dos seus constituintes. No entanto, a investigação realça os saponósidos triterpénicos (escina) e os heterósidos hidroxicumarínicos (esculósido). São ainda de referir os flavonóides, taninos, proantocianidinas, pectina, mucilagem, óleo gordo, amido em grande quantidade (40 a 50%), vitaminas B1 e K.

Acções medicinais
Uso interno
Adstringente, contrai os tecidos, os capilares e os orifícios, diminuindo as secreções das mucosas. Hemostática, detém as hemorragias favorecendo a coagulação do sangue. Vasoconstritora e venotónica, contrai os vasos sanguíneos e melhora a elasticidade e tonicidade das paredes venosas. Actua sobre os vasos do endométrio. Aumenta a resistência dos capilares e diminui a sua permeabilidade e fragilidade (acção vitamínica P). Contribui para a reabsorção dos edemas, reduzindo o inchaço (antiedematosa). Anti-inflamatória, actua na fase inicial da inflamação, inibindo a produção endógena de prostaglandinas inflamatórias e combatendo a formação do edema (antiexsudativa). Antitrombótica. Antioxidante.
Uso externo
Adstringente. Vasoconstritora e venotónica. Acção vitamínica P. Antiedematosa. Anti-inflamatória, antiexsudativa. Antitrombótica. Antioxidante e protectora solar. Ao beneficiar a circulação venosa e a circulação local, tem uma acção estimulante sobre as peles envelhecidas, tonificando e melhorando a elasticidade do tecido cutâneo, e inibindo a progressão de rugas, estrias e olheiras.
A farinha das sementes obtida por moagem torna a pele mais brilhante.

Indicações terapêuticas
Uso interno
Insuficiência venosa crónica dos membros inferiores (edema, dor, sensação de peso, fadiga ou tensão nas pernas, cãibras nocturnas nas barrigas das pernas, prurido) e outras afecções do sistema circulatório (flebites, varizes, hemorróidas, úlceras varicosas, tromboses, fragilidade capilar, frieiras). Pode ter um efeito preventivo ajudando a reduzir os riscos de flebites, por exemplo, em voos de longo curso. Na hemoptise e para reduzir o fluxo menstrual abundante. Hipertrofia da próstata.
Uso externo
Insuficiência venosa crónica dos membros inferiores e outras afecções do sistema circulatório. Celulite. Acne-rosácea. Feridas, cortes e arranhadelas. Dores musculares, nevralgias, lesões desportivas (tendinites, luxações). Peles sensíveis e peles envelhecidas (rugas, estrias, olheiras). Em bronzeadores e nas queimaduras solares.


Pormenor dos frutos de Castanheiro-da-Índia
Odemira (Julho 2006)

Como tomar
Uso interno
Normalmente, a Castanha-da-Índia não é utilizada em tisana mas sim em extractos (gotas, tónicos, cápsulas, comprimidos, etc.). É frequentemente associada a outras plantas de forma a potenciar a sua acção.
Na insuficiência venosa crónica o tratamento é seguro e eficaz, no entanto, por ser demorado deve ser feito durante vários meses para se obterem resultados visíveis. Pode ser associada à Gilbardeira, Hamamélia e Arnica, entre outras plantas. Pode ser benéfico associar outras medidas não invasivas como a compressão elástica (meias de descanso) ou tratamentos com água fria.
Na hipertrofia da próstata pode ser associada à Vara-de-ouro e às Malvas.
Os tratamentos prolongam-se por 3 meses, não devendo exceder os 6 meses.
Uso externo
Pode ser utilizada na forma de cozimento. No entanto, actualmente é mais utilizada em extractos (cremes, geles, bálsamos, etc.). É frequentemente associada a outras plantas de forma a potenciar a sua acção.
Na insuficiência venosa crónica e outras afecções do sistema circulatório a utilização tópica da planta é adjuvante do seu uso interno, pois é este que garante os níveis terapêuticos mais elevados da planta no organismo.

Receita: Emplastro de Castanhas-da-Índia
          q.b. Castanhas-da-Índia, consoante a área a tratar
Cozem-se as Castanhas-da-Índia num pouco de água durante 30 minutos. Retiram-se da água, descascam-se, esmagam-se e deixam-se arrefecer.
Indicações: Nas frieiras: aplicar topicamente e tapar com um penso, de preferência à noite.

Precauções
Não são conhecidas contra-indicações da utilização terapêutica da Castanha-da-Índia. No entanto deve evitar-se durante a gravidez, aleitamento e em crianças com idade inferior a 10 anos.
Deve ter-se em atenção que pode potenciar a medicação anticoagulante (devido aos heterósidos hidroxicumarínicos).
Os efeitos secundários são ligeiros e pouco frequentes. Devido aos taninos e aos saponósidos, pode causar alguma irritação no tracto gastrintestinal, náuseas ou desconforto gástrico, que desaparece em formas galénicas de libertação controlada. Foram ainda referidos prurido, dores de cabeça e vertigens.
Quando colhidas, as Castanhas-da-Índia não devem ser ingeridas por apresentarem uma certa toxicidade (que se manifesta através de náuseas violentas), sobretudo se não estiverem completamente maduras.
Formulações muito concentradas ou a utilização continuada da planta aumentam os riscos de sensibilização alérgica (eczema de contacto), nomeadamente em peles sensíveis.

Observações
São de referir as monografias da OMS (World Health Organization), sementes maduras secas de Aesculus hippocastanum L., ESCOP (European Scientific Cooperative on Phythoterapy) e Comissão E Alemã (da German Federal Office for Phytotherapeutic Substance).
O Castanheiro-da-Índia, bem como o Castanheiro-da-Índia-de-flores-vermelhas, Aesculus x carnea Hayne, são utilizados em Terapia Floral (Florais de Bach).

Pormenor das flores de Castanheiro-da-Índia-de-flores-vermelhas
Praça 1º de Maio, Viana do Castelo (Abril 2007)

Este blogue apenas pretende sensibilizar para a observação das plantas medicinais e divulgar a sua utilização, não tendo a intenção de promover a auto-medicação nem a colheita de espécies.

Castanheiro-da-Índia, cascas

Pormenor dos ramos jovens de Castanheiro-da-Índia
Praça 1º de Maio, Viana do Castelo (Fevereiro 2011)


Parte utilizada
Cascas secas dos ramos novos (2 a 3 anos).

Composição
Saponósidos triterpénicos (escina), heterósidos hidroxicumarínicos (esculósido), flavonóides, taninos, leucoantocianósidos, oligossacáridos, fitosteróis.

Acções medicinais
Adstringente, contrai os tecidos, os capilares e os orifícios, diminuindo as secreções das mucosas. Hemostática, detém as hemorragias favorecendo a coagulação do sangue. Vasoconstritora e venotónica, contrai os vasos sanguíneos e melhora a elasticidade e tonicidade das paredes venosas. Actua sobre os vasos do endométrio. Aumenta a resistência dos capilares e diminui a sua permeabilidade e fragilidade (acção vitamínica P). Contribui para a reabsorção dos edemas, reduzindo o inchaço (antiedematosa). Anti-inflamatória, actua na fase inicial da inflamação, inibindo a produção endógena de prostaglandinas inflamatórias e combatendo a formação do edema (antiexsudativa). Antitrombótica. Antioxidante e protectora solar.

Indicações terapêuticas
Uso interno
Sobretudo nas diarreias e inflamações da boca e faringe. Insuficiência venosa crónica dos membros inferiores (edema, dor, sensação de peso, fadiga ou tensão nas pernas, cãibras nocturnas nas barrigas das pernas, prurido) e outras afecções do sistema circulatório (flebites, varizes, hemorróidas, úlceras varicosas, tromboses, frieiras). Hemorragias. Dismenorreia e irregularidades na menstruação. Hipertrofia da próstata.
Uso externo
Insuficiência venosa crónica dos membros inferiores e outras afecções do sistema circulatório. Feridas, cortes e arranhadelas. Dores musculares e nevralgias. Em bronzeadores e nas queimaduras solares.

Como tomar
Uso interno
Cozimento: 2 colheres de chá por chávena de água, 1 minuto de fervura, 10 minutos de infusão. Tomar 2 a 3 chávenas por dia, fora das refeições.
Uso externo
Cozimento: 50 gramas por litro de água. Em banhos. Para melhorar a elasticidade e tonicidade das paredes venosas.

Precauções
Utilizar apenas a casca dos ramos novos, a casca mais velha apresenta uma certa toxicidade.
Ter em atenção o que foi referido para as sementes.

Observações
As cascas secas das raízes também apresentam valor terapêutico (como febrífuga).
Das cascas da árvore obtém-se uma tinta vermelha.

Pormenor das cascas do tronco de Castanheiro-da-Índia,
escuras externamente e avermelhadas no seu interior
Melgaço (Abril 2007)

Este blogue apenas pretende sensibilizar para a observação das plantas medicinais e divulgar a sua utilização, não tendo a intenção de promover a auto-medicação nem a colheita de espécies.

Castanheiro-da-Índia, folhas


Pormenor das folhas de Castanheiro-da-Índia,
palmadas e com 5 a 7 folíolos
Praça 1º de Maio, Viana do Castelo (Abril 2011)

Parte utilizada
Folhas.

Composição
Heterósidos hidroxicumarínicos (esculósido), flavonóides, taninos, leucoantocianósidos, fitosteróis. Vestígios de saponósidos triterpénicos (escina).

Acções medicinais
Uso interno
Adstringente, contrai os tecidos, os capilares e os orifícios, diminuindo as secreções das mucosas.
Uso externo
Adstringente. Venotónica, melhora a elasticidade e tonicidade das paredes venosas. Ao beneficiar a circulação venosa e a circulação local, tem uma acção estimulante sobre as peles envelhecidas, tonificando e melhorando a elasticidade do tecido cutâneo, e inibindo a progressão de rugas, estrias e olheiras.

Indicações terapêuticas
Uso interno
Diarreias e inflamações da boca e garganta.
Uso externo
Afecções do sistema circulatório (flebites, varizes). Edemas. Acne-rosácea e eczemas. Peles sensíveis e peles envelhecidas (rugas, estrias, olheiras). Para tonificar e melhorar a elasticidade da pele.

O cozimento das folhas de Castanheiro-da-Índia
já foi utilizado no tratamento da tosse convulsa
Melgaço (Abril 2007)

Como tomar
Uso interno
Infusão: 2 colheres de chá por chávena de água fervente. Tomar 2 a 3 chávenas por dia.
Uso externo
Cozimento: 200 gramas por litro de água. Em banhos. Para tonificar e melhorar a elasticidade da pele.

Precauções
Ter em atenção o que foi referido para as sementes.


Este blogue apenas pretende sensibilizar para a observação das plantas medicinais e divulgar a sua utilização, não tendo a intenção de promover a auto-medicação nem a colheita de espécies.